Postado por Noranei
Bilhete
Uma porta sem tramela
Um travesseiro e colchão
Que é pra quando eu chegar
Sem demora penetrar
Seu barraco e coração
Eu somente lhe exigi
Ficar sempre por aqui
Com um sorriso de amor
Minha roupa bem passada
A comida temperada
E ficar quando eu me for
Veja, meu Deus que danada
Deixou a tramela arrancada
E nenhum pirão pra mim
A toalha tá embolada
A cama desarrumada
E um bilete escrito asim:
" Me desculpe a letra torta
A tramela longe da porta
Igual como você qué
Mas é que no radho ouvi
O que há mutho prencinti
Umas coisa de mulhé
Falava uma voz bunita
Pras mulhé que veve aflita
Dá um basta nesta dô
Dizia aqule recado
Que num tempo repassado
A escravidão se acabô"
Pita Paiva
Do livro Tudo dá Poesia.
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