sábado, 3 de março de 2012

 Postado por Noranei



Bilhete

Eu que só pedi pra ela
Uma porta sem tramela
Um travesseiro e colchão
Que é pra quando eu chegar
Sem demora penetrar
Seu barraco e coração

Eu somente lhe exigi
Ficar sempre por aqui
Com um sorriso de amor
Minha roupa bem passada
A comida temperada
E ficar quando eu me for

Veja, meu Deus que danada
Deixou a tramela arrancada
E nenhum pirão pra mim
A toalha tá embolada
 A cama desarrumada
E um bilete escrito asim:

" Me desculpe a letra torta
A tramela longe da porta
Igual como você qué
Mas é que no radho ouvi
O que há mutho prencinti
Umas coisa de mulhé

Falava uma voz bunita
Pras mulhé que veve aflita
Dá um basta nesta dô
Dizia aqule recado
Que num tempo repassado
A escravidão se acabô"

                                               Pita Paiva
                                                                  Do livro Tudo dá Poesia.    

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