
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E
TECNOLOGIAS (DCHT)
CAMPUS XVI/IRECÊ
Adelmo Ferreira de
Abreu[1]
Danila Miranda Vaz1
Eliud Pereira Jacome1
Lais Oliveira de Souza1
Rafael Souza Mendes1
PARECER CRÍTICO
BARRETO, Lima. Triste
fim de Plicarpo Quaresma. São Paulo: Paulus, 2002.
Trabalho
apresentado a Profª. Andréa Santos, do programa de Graduação em
Letras da Universidade do Estado da Bahia, Campus XVI – Irecê-BA – como parte dos requisitos para a
conclusão da disciplina Estudo da Produção Literária no Brasil.
IRECÊ
2012.I
Este trabalho tem como foco fazer uma análise do livro “Triste Fim de
Policarpo Quaresma” de Lima Barreto, que mostra-nos o extremismo de um
patriotismo exacerbado, do tipo que o amor pelo país e às suas leis estão acima
de qualquer outra coisa. Quaresma é o modelo de brasileiro incorruptível e
amante da terra onde nasceu, capaz de todos os sacrifícios por ela. É uma obra
para ser lida tendo como parâmetro o panorama histórico e político da época. O
autor busca mostrar o país como um recanto de farturas, riquezas e facilidades.
Quaresma cria o seu projeto de reforma nacional, cujo objetivo, era despertar a
pátria e conduzi-la ao merecido lugar de maior nação do mundo.
O autor no início de
sua narrativa nos faz lembrar a carta de Pero Vaz de Caminha quando relata que
as terras de nosso país é extremamente fértil capaz de produzir tudo que
precisamos para suprir nossas necessidades. Outro ponto, que reforça essa
ideia, é quando ele refere-se ao povo brasileiro como uma gente dócil, fazendo
lembrar os índios receptivos da época do descobrimento. Estas duas visões é
derrubada no final do livro, a primeira quando ele percebe que nossas terras
não são tão férteis assim, além das pragas que destroem totalmente as
plantações. O segundo ponto pode-se perceber que é derrubado no momento em que
ele é convocado para a guerra relatando, em uma carta a sua irmã, todos os
instintos selvagens que ele já mais imaginaria possuir.
A obra por ter sido produzida
no pré-modernismo é completamente imbuída por um sentimento nacionalista e por
uma tentativa de desenvolver a identidade nacional, neste ponto podemos
perceber uma correlação com o texto de Afrânio Coutinho quando ele afirma que a
literatura é responsável pelo “processo de identificação nacional, de afirmação
da nossa individualidade, de busca do caráter brasileiro” (COUTINHO, 2008,
P.68). Neste mesmo texto ele diz que é comum nas obras de literatura uma descrição
das ruas e bairros das cidades onde é o centro comercial do país, neste caso o
Rio de Janeiro. Características apontadas, também, pelo saudoso Machado de
Assis, no seu texto “Instinto de nacionalidade” por dizer que os autores da
literatura brasileira focam suas narrativas apenas na cor local, não tendo um
embasamento em estudos teóricos e filosóficos para a produção de suas obras.
O Autor faz uma crítica
ao momento histórico, afirmando que a maior parte da produção literária da
época são apenas traduções, deixando claro, que é preciso valorizar o nacional,
a partir daí ele escreve uma carta ao presidente tentando fazer uma reforma
cultural, querendo implantar como língua oficial do Brasil o Tupi Guarani, por
ser esta, na sua plenitude brasileira. Neste ponto ele é taxado de louco e
internado no hospício. Ao sair do manicômio ele, por ter sido incompreendido,
esquece sua reforma cultural e parte para a agricultura como uma forma de
mostrar que nosso país pode ser auto-suficiente por esse meio. Entrega-se
totalmente ao plantio de lavouras e passa a fazer uma crítica pesada aos
latifúndios, por ver tantas terras improdutivas e tantas pessoas passando por
necessidades. Faz crítica, também, ao governo por mandar buscar fora milhões de
trabalhadores esquecendo a multidão que está desempregada aqui no país. Outra
vítima de suas críticas são os atravessadores, no momento em que ele vai vender
sua produção, percebe que os mesmos, compram uma centena da sua, pelo preço que
é vendido uma dúzia na feira.
O personagem sofre
perseguições políticas, por não querer apoiar nenhum dos lados que disputam a
política na sua cidade. Através deste fato, podemos perceber que é uma
realidade em nosso país, pois quando não estamos do lado dos políticos que
estão no poder, estes buscam dificultar toda a vida do cidadão, ainda mais
quando este tem uma certa influência perante a comunidade.
Ainda no sítio percebe,
porque não compensa trabalhar na agricultura, pois a carga tributária
inviabiliza a produção, por esta razão elabora um projeto de reforma agrícola e
vai levar ao presidente, este não mostra o menor interesse por tal projeto,
chegando a rasgar um pedaço de papel para fazer uma anotação e entregar a um de
seus subordinados.
A partir deste momento
o sítio fica esquecido e Policarpo Quaresma recebe o posto de Major e vai lutar
a favor do presidente contra os rebeldes, que tentam tirá-lo do poder por este
ter desrespeitado a constituição. O presidente vence a guerra e começa a
executar os presos, seus adversários, sendo o major um dos carcereiros na
prisão onde se encontram os prisioneiros, não concorda com o tratamento dado
aos detentos e escreve uma carta ao presidente pedido que sejam respeitados os
direitos humanos dos prisioneiros. Esta atitude é considerada como alta traição,
Policarpo Quaresma é preso tendo assim, o mesmo fim dos demais. Ricardo tenta
de todas as formas a libertação de Policarpo Quaresma, mas não obtém sucesso na
sua empreitada, pois todos aqueles que eram seus amigos viram as costas e não
fazem nada para libertá-lo.
Assim, podemos perceber
que esta obra é riquíssima, uma vez que ela perpassa por todos os setores da
economia brasileira, mostrando suas falhas. Tem um teor crítico bem elevado,
com uma linguagem simples e de fácil entendimento.
Tô aqui navegando na Net pra aprender fazer uma análise crítica sobre as teorias de Max Weber,aí mim deparo com um trabalho lindo desse, parabéns 👏👏
ResponderExcluirSou do primeiro semestre serviço social,por isso estou perdida nos trabalhos.
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